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Channel: A MÚSICA E A CRIANÇA
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Que bicho será que botou o ovo?

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Quando pensei no dia das Mães, na escolinha onde trabalho, resolvi falar sobre o ovo. Já tínhamos trabalhado com ovos por ocasião da Páscoa e, pela proximidade das datas, achei interessante continuar com o mesmo assunto, assim poderíamos explorar mais o tema com as crianças.
Mas por que o ovo?
Comecemos por ler um trecho do lindo poema de João Cabral de Melo Neto, "O Ovo da Galinha":

...
No entanto, se ao olho se mostra
unânime em si mesmo, um ovo,
a mão que o sopesa descobre
que nele há algo suspeitoso:

que seu peso não é o das pedras,
inanimado, frio, goro;
que o seu é um peso morno, túmido,
um peso que é vivo e não morto.
...
No entretanto, o ovo, e apesar
de pura forma concluída,
não se situa no final:
está no ponto de partida.
...

Lindo, não? Para ler o poema na íntegra consulte o endereço:
http://releituras.com/joaocabral_oovo.asp
Pesquisei vários livros de literatura infantil e muitas músicas e escolhi este livro do escritor Ângelo Machado -"Que bicho será que botou o ovo?" pela simplicidade do texto e por ser capaz de instigar a curiosidade das crianças pequenas.
Ao apresentar o livro para as crianças começamos a falar sobre os bichos que botavam ovos, alguns muito conhecidos, outros nem tanto. Foi possível fazer uma pesquisa com elas sobre os animais: como são seus ovos (grandes, pequenos, de casca mole, dura), onde eles costumam botar os ovos e como cuidam dos filhotes quando nascem.
Ao ler um pouco sobre o autor do livro, descobri que ele queria mesmo, através de seus livros, ensinar biologia e ciência para as crianças. Que homem interessante este Ângelo Machado! Mineiro de Belo Horizonte, nasceu em 1934. Formado em Medicina, especializou-se em neurobiologia e entomologia, escreveu mais de cem artigos científicos sobre o tema, descreveu 48 novas espécies e quatro gêneros de libélulas, bicho pelo qual tem paixão desde os 15 anos de idade. Trabalha como ambientalista e preocupa-se com as espécies ameaçadas de extinção.

No entanto, há mais de 20 anos, descobriu uma outra habilidade, ou seria vocação? Escrever para crianças. Primo de Maria Clara Machado, seu primeiro livro  "O Menino e o Rio" foi devolvido pela editora que alegava que este não serviria como literatura, pois ensinava muitas coisas, e nem mesmo como ecologia, pois os bichos da história falavam... Incentivado por um amigo, publicou o livro pela editora Lê e logo se tornou um sucesso.
Segundo Ângelo Machado um bom livro infantil tem que ter história, aventura e humor. Ele disse, em uma entrevista, que o escritor de literatura infantil é mais importante que o de literatura para adultos porque:
"Se os meninos não aprenderem a gostar de ler livros infantis, nunca lerão os livros de literatura para adultos. Se um adulto lê um livro e não gosta, ele deixa de lado e procura outro. O menino fecha o livro e não lê nunca mais."
A coleção "Que Bicho Será?"é considerado pelo autor como a coisa mais importante que fez na vida. Segundo ele, os cinco livros da coleção apresentam problemas que preocupam os personagens e desenvolvem nas crianças, que estão descobrindo como é o mundo e para que servem as coisas,  a curiosidade, que é a principal motivadora da pesquisa científica. Outra coleção escrita pelo autor é "Gente Tem, Bicho Também".
O livro "Que Bicho Será que Botou o Ovo?" foi ilustrado por Roger Mello, autor de belíssimos livros-imagem e primeiro brasileiro a vencer o prêmio Hans Christian Andersen na categoria ilustração em 2014.
Algumas outras obras de Ângelo Machado: "O Boto e seus Amigos", "Chapeuzinho Vermelho e o Lobo-Guará", "O Esquilo Esquecido", "O Livro do Pé", "O Menino e a Rã", "A Outra Perna do Saci", "O Rei Careca", "A Viagem de Tamar, a Tartaruga Verde do Mar", "A Mula com Cabeça", entre outros.




    PIXINGUINHA PARA CRIANÇAS

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    Pixinguinha nasceu dia 23 de abril de 1898, no Rio de Janeiro. Seu nome era Alfredo da Rocha Viana Filho, mas ganhou um lindo apelido da avó que o chamava Pizidim, um nome africano, formado por duas palavras que querem dizer: pizin - bom e dim - menino.  

    Desde pequeno teve contato com a música através de sua família. Seu pai era flautista e seu irmão Henrique ensinou-lhe a tocar cavaquinho. Nas reuniões de músicos que haviam em sua casa,  o menino participava das rodas de chorinho e mesmo quando ficava tarde e seu pai mandava-o dormir, ele ficava ouvindo do seu quarto e no dia seguinte tocava os chorinhos de ouvido para seu professor Irineu de Almeida.

    Aos poucos começou a acompanhar seu pai nos bailes para tocar e compôs sua primeira música "Lata de Leite" aos 11-12 anos de idade.

    Autor de centenas de valsas, sambas, choros e polcas foi, segundo Sérgio Cabral, um flautista genial. Primeiro músico a fazer orquestrações brasileiras para a música popular e maior compositor de música instrumental do Brasil. Admirado por muitos compositores, reuniu em sua obra beleza, sofisticação e brasilidade. Fez arranjos para intérpretes famosos como Carmem Miranda, Francisco Alves e Mário Reis.

    Aos 14 anos, Pixinguinha começou a trabalhar como músico nos cabarés famosos do Rio de Janeiro e entrou para a orquestra do Cine Teatro Rio Branco, como flautista. Sua primeira gravação foi o chorinho "São João Debaixo d´Água" de Irineu de Almeida.
    Com o conjunto musical "Os Oito Batutas", Pixinguinha tocou com Donga, Nelson Alves, China, Raul Palmieri, José Alves e Luís Oliveira. O grupo foi o primeiro regional brasileiro a viajar em excursão para a Europa em janeiro de 1922.

    Pixinguinha foi um representante da cultura e da cidade do Rio de Janeiro. Com muitos amigos, era um boêmio, frequentador assíduo de bares, ganhando até mesmo o seu nome gravado em ouro na sua mesa, no Bar Gouveia, situado na Travessa do Ouvidor.

    Tocou na Orquestra Típica Pixinguinha-Donga e no Grupo da Velha Guarda. Suas composições estão gravadas em dezenas de discos e muitas delas ganharam letras de Braguinha, Vinicius de Moraes, Hermínio Bello de Carvalho e Paulo César Pinheiro, entre outros.

    Autor de "Carinhoso", "Rosa", "Naquele Tempo", Pixinguinha contou em depoimento realizado no Museu da Imagem e do Som, tendo como um dos entrevistadores Hermínio Bello de Carvalho, que as músicas que mais o agradavam eram "Ingênuo", a segunda parte, e "Porque Sofres", a terceira parte.

    Gostaria de destacar aqui algumas frases que famosos disseram sobre ele:


    "Se fosse necessário resumir a música popular brasileira em uma palavra, esta seria Pixinguinha."
    "Que outro nome, além de Pixinguinha – ele que é instrumentista, compositor, orquestrador, chefe de orquestra e tudo isso de forma genial – poderia realmente melhor representar a música popular brasileira de todos os tempos?"
    (Ary Vasconcelos)




    "A benção, Pixinguinha, tu que choraste na flauta todas as minhas mágoas de amor" (Vinicius de Moraes)


    "Amor da minha vida. Gênio querido e humano" (Tom Jobim)

    Pois, bem... Sempre gostei de Pixinguinha, de chorinho, de música instrumental brasileira. Entre as tantas lembranças, heranças que me couberam da minha mãe, trouxe um livro-CD organizado por Hermínio Bello de Carvalho: "Pixinguinha - 100 anos". Fui ouvindo aqueles dois CDs, prestando muita atenção e fiquei maravilhada com uma descoberta (tardia, talvez...): Pixinguinha fez música para crianças!
    Já conhecia muito bem o "Samba na Areia". O CD traz uma série chamada "Brincando com os Bichos" com as composições: "O Gato e o Canário", onde a flauta e o saxofone brincam juntos, "Urubatã", que quer dizer pássaro em africano, "Pula Sapo", "Marreco quer Água" e o "Samba do Urubu". Estas músicas, inspiradas nos sons e nos movimentos dos animais, mostram a genialidade do autor na exploração dos sons onomatopaicos nas melodias.

    Além destas músicas, outras que são alegres e tem nome de animais no título, como: "Cercando  Frango", "Salto do Grilo" e "Papagaio Sabido" sugerem uma aproximação com o universo infantil. Segundo Henrique Cazes, músico e produtor musical, Pixinguinha foi pioneiro em compor música para crianças no Brasil.

    Henrique Cazes foi produtor musical do CD que acompanha o livro "Pixinguinha para Crianças - Uma Lição de Brasil". O livro da editora Multiletra, traz ilustrações de Guto Nóbrega, texto de Rosa Amanda Strausz e organização de Carlos Alberto Rabaça e conta a história do autor, sua infância, sua carreira, seus amores e sua arte. No CD, 12 faixas com composições de Pixinguinha escolhidas pela leveza, pelas letras engraçadas, pelas histórias que narram e pela doçura que expressam.







    No ano de 2013 os músicos Daniel Fernandes, Milena Sá e Marcelo Cebukin criaram um espetáculo em que contam a história e a obra de Pixinguinha. Junto com Joana Saraiva, Bernardo Diniz e Luzia de Mendonça, o espetáculo que une música e performance com bonecos, máscaras e brinquedos obteve muita aceitação pelo público e mostrou que o repertório de Pixinguinha pode, ainda hoje, atrair pessoas de todas as idades.
    O vídeo abaixo mostra um pouco do trabalho do grupo.

    https://vimeo.com/129146942






    O Dia Nacional do Choro é dia 23 de abril, data que marca o nascimento de Pixinguinha. Ele faleceu em 1973 aos 75 anos de idade.


    Ouçam "O Canário e o Gato" gravado em 1949 com Pixinguinha no saxofone.






    CD - CANTAR O MUNDO

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    Um dos CDs que considero mais preciosos na biblioteca da minha escola é este: "Cantar o Mundo" de Elisa Manzano e Paula Mourão.










                     
    Gravado entre março de 2004 e junho de 2005, o CD contem 54 faixas com músicas, parlendas e poesias que, agrupadas em rodas, falam de temas diferentes relacionados a épocas do ano, suas festividades e estações. Utilizando como instrumentos o violão, a flauta, alguns instrumentos de pequena percussão e o xilofone, as autoras trazem, em cada faixa, muita musicalidade, sensibilidade e emoção aos ouvintes. Ouvimos também sons de tubos de PVC, carrilhão de chaves, papel amassado, apitos de pássaros e berimbau, sons que enriquecem as faixas e despertam a curiosidade e a percepção auditiva dos ouvintes.

    Começamos com uma breve acolhida e com a Roda Rítmica do Verão. Não tem música mais bonita para falar de chuva com os pequenos que "Cai a Chuva". Falar, cantar e sonorizar...

    "Cai a chuva miudinha,
     cai a chuva lá do céu
    Vou abrir meu guarda chuva
    E botar o meu chapéu.
    Tra-la la la la la.

    Uma forte trovoada
    Faz a chuva desabar
    Escorrendo na calçada
    Minha roupa vai molhar.
    Tra-la la la la la.


    Mas o sol por entre as nuvens
    Já começa a espiar
    E no céu um arco-íris
    Vem a Terra enfeitar.
    Tra-la la la la la."



    Em seguida vem a Roda Rítmica da Páscoa com a história da lagarta e sua metamorfose.
    A Roda Rítmica "Diferentes Povos"é encantadora. Conforme o trenzinho vai andando encontramos músicas do folclore espanhol, francês, alemão e inglês.

    Para as festas juninas temos a Roda de São João com as parlendas da Paçoca, da Pipoca e da Fogueira. Tudo feito com muito carinho.
    Depois de falar do Saci Pererê, vem a Roda da Primavera:

    "Entrei num jardim com flores,
    Não sei qual escolherei...
    Escolho a mais formosa,
    Com ela eu dançarei..." 

    Para terminar a Roda Rítmica do Pastorzinho.

    Segundo as autoras o objetivo deste trabalho é:"incentivar o resgate da cultura e da linguagem musical como ferramentas pedagógicas fundamentais para despertar a sensibilidade, o senso rítmico, a imaginação e a criatividade tanto da criança quanto do próprio educador, passando pelas esferas afetiva, estética e cognitiva."

    Elisa Manzano é pedagoga, formada pela UNICAMP. Estudou Euritmia e Pedagogia Waldorf na Alemanha e atua como professora em Campinas. Exerce atividade junto ao Ateliê Pulsando Som, Instrumentos Musicais Artesanais, cujo endereço na internet é:
    http://pulsandosom.com.br/






    Paula Mourão é terapeuta social, trabalhando com pessoas com deficiência intelectual e múltipla. Ministra cursos de Danças Circulares e é regente do coral do Encontro Brasileiro de Danças Circulares e Sagradas.





    Vale a pena conferir!





    A EURITMIA - JAQUES-DALCROZE

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              Quando escrevi o artigo sobre o CD "Cantar o Mundo" descobri que a autora, Elisa Manzano, era professora de Euritmia e Kântele em uma escola em Campinas que seguia a pedagogia Waldorf. Através de pesquisas que fiz, me chamou atenção o termo "Euritmia", que me fez lembrar de Jaques-Dalcroze, educador musical que já conhecia.
              A palavra "Euritmia" já existia desde a época clássica grega, quando em 440 a.C. Polykleitos,  escultor de Argos, a definiu como "o equilíbrio de forças atuantes no corpo humano".
              No início do século XX, Rudolf Steiner resgatou o conceito da Euritmia, segundo o qual:
              "Para formar uma palavra, nós imprimimos no ar um tipo de movimento. As palavras possuem aspectos sensíveis e suprassensíveis dos sons produzidos por via oral. Ao reproduzir essas formas, obtemos a Euritmia, ou seja, uma réplica do gesto expressivo visível e invisível impresso no ar com as palavras. A Euritmia é a transposição do gesto do ar em um gesto de expressão corporal tangível e visível."

              Rudolf Steiner foi idealizador da Antroposofia, termo que significa "conhecimento do ser humano". A Pedagogia Waldorf está entre as realizações práticas da Antroposofia na área da educação.
             Rudolf Steiner, Jaques-Dalcroze e Rudolf Bode (que escreveu a obra "Ginástica Expressiva) foram contemporâneos e buscaram, cada um a sua maneira, utilizar o corpo e o movimento para desenvolver suas propostas de educação. Todos também foram influenciados por Francois Delsarte (1811-1891) e pelo seu sistema expressivo de educação do gesto.



              François Delsarte chegou a conclusão que "o gesto é mais que o discurso", após observar os gestos expressivos de pessoas em diferentes situações e lugares. Estes gestos foram catalogados, analisados por Delsarte, que mais tarde criaria um método que conectava o movimento, a voz, a expressão e a emoção humana, relacionando-os com o teatro, a música e o canto.
              Segundo Delsarte "toda manifestação do corpo corresponde uma manifestação interior do espírito" e todo gesto ou voz nasce de uma emoção, pensamento ou sentimento. Assim o artista deveria considerar qualquer movimento, por menor que fosse, causa ou consequência da sensação, emoção ou sentimento. Esta seria a Lei da Correspondência, um dos princípios em que se fundamenta a análise de Delsarte.
              O outro princípio é a Lei da Trindade, onde defende que o homem é constituído por três elementos: a vida, o espírito e a alma que se manifestam por meio do corpo através da voz (vida), da palavra (o espírito) e do gesto (a alma).
              Delsarte estabeleceu formas de movimento e também analisou o corpo em suas posições expressivas, relacionando cada movimento corporal à uma emoção específica. Seus estudos inovadores foram de encontro ao pensamento que deu origem a Dança Moderna e influenciaram vários estudiosos do corpo e do movimento do século XX.
              Voltando a Dalcroze e a Euritmia...
              Para Dalcroze a Euritmia consistia na correspondência entre o movimento corporal e o som. A prática musical antecede ao aprendizado teórico. Então explorar, experimentar, descobrir, aprender e analisar são princípios básicos do processo de educação musical.
             Segundo Dalcroze todos os elementos musicais podem ser vivenciados através do movimento. O corpo seria o primeiro instrumento musical a ser treinado, existindo um gesto para cada som e um som para cada gesto.
              Os ritmos do corpo - a respiração, o coração, o caminhar - devem ser conectados com a música para que o movimento do corpo possa ser utilizado para desenvolver o senso rítmico, a expressão, a concentração e a espontaneidade.



             Jaques-Dalcroze nasceu em 1865 e faleceu em 1950. Foi um defensor da aproximação da arte com o povo e da educação musical para todos. Segundo ele, toda ação artística seria um ato educativo e deveria ser destinado a todo cidadão, seja ele criança, jovem ou adulto.
              Algumas ideias importantes de Dalcroze foram:
    - a educação musical desde a mais tenra idade, sendo o corpo e a voz os primeiros instrumentos musicais;
    - a escuta consciente que leva à compreensão dos elementos constituintes da obra musical e de seus aspectos expressivos;
    - a ação corporal é fonte, instrumento e condição de todo conhecimento;
    - música e movimento, em sua interação com o homem, constituem uma unidade.
              O sistema Dalcroze de educação musical organiza-se em movimentos e atividades destinados a desenvolver atitudes corporais básicas, que são necessárias a conduta musical, trabalhando a escuta ativa, a sensibilidade motora, o sentido rítmico e a expressão. Os exercícios visam estimular a concentração, a memória e a audição interior, promovendo uma reação corporal a um estímulo sonoro.



              Já estamos no século XXI e ainda hoje é de extrema importância conhecer e revisitar o trabalho de educadores como Jaques-Dalcroze. Junto com Edgar Willems, Zoltán Kodály, Carl Orff e Shinichi Suzuki, Dalcroze faz parte da primeira geração de educadores no ensino de música. Todos eles tinham preferência em tornar o aprendizado de música uma experiência de vida, enfatizando a importância do movimento e do canto na aprendizagem musical. Assim podemos usufruir das contribuições dessas abordagens para enriquecer a área da Educação Musical no lugar onde vivemos.

              Deixo abaixo alguns textos que li para poder escrever este artigo. Vale a leitura.

    - O livro "De Tramas e Fios - Um Ensaio sobre Música e Educação" de Marisa Trench de Oliveira Fonterrada é muito bom e tem um capítulo específico sobre este assunto.

    - Método Dalcroze: perspectivas de aplicação no canto coral - José Fortunato Fernandes.
    http://www.ufmt.br/ufmt/unidade/userfiles/publicacoes/8cfd0c0b195efbf577516fd1a04aad58.pdf


    - Métodos Ativos - Dalcroze/Willems - Marli Batista Ávila.
    http://www2.anhembi.br/html/ead01/pedag_musical/aula4.pdf


    - Ginástica Expressiva - José Rafael Madureira.
    http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-73072008000200016


    - Artigo sobre Delsarte e Dalcroze.
    https://repositorio.ufba.br/ri/bitstream/ri/9209/2/AndreiaComSeg02.pdf


    - A Música Corporal como Ferramenta Pedagógica para a Musicalização - Jefferson Ramos.
    http://acervodigital.ufpr.br/bitstream/handle/1884/35944/Jefferson%20Ramos.pdf?sequence=1&isAllowed=y


    - O Sistema de François Delsarte, o Método de Émile Jaques-Dalcroze e suas Relações com as Origens da Dança Moderna - Elisa Teixeira de Souza.
    http://repositorio.unb.br/bitstream/10482/9475/1/2011_ElisaTeixeiradeSouza.pdf



    Rouxinol - Milton Nascimento

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    Este vídeo faz parte do espetáculo "Ser Minas tão Gerais" com Milton Nascimento, o grupo Ponto de Partida e os Meninos de Araçuaí. Assisti o DVD a pouco e fiquei encantada. Que belo trabalho!

    ESTORINHAS PARA OUVIR - APRENDENDO A ESCUTAR MÚSICA

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    No início deste ano, às voltas com os planejamentos de aula de música, encontrei um belíssimo material no site do Projeto Guri. São livros didáticos feitos para uso nos polos do projeto.  Disponibilizados no site, os livros são um rico material para educadores musicais. Dois deles me chamaram atenção, pela área em que atuo e foram desenvolvidos por Enny Parejo.
    A partir deles, descobri esta autora e comprei o livro “Estorinhas para Ouvir – Aprendendo a escutar música”. O livro, publicado em 2007, pela editora Irmãos Vitale, é um “livrinho diferente”, segundo a autora. Além de insistir em usar a palavra Estória, que não é mais usada, mas, que nos tempos em que éramos crianças, eu e a autora, era usada para denominar os contos de fada, as fábulas e outras, enquanto o termo História denominava os fatos ocorridos no nosso país ou no mundo, traz não  “estórias”: tem também música e sugestões de atividades de desenho, pintura, escultura, relacionadas ao tema das “estorinhas”.
    O mundo em que vivemos está cada dia mais barulhento. As músicas, os ambientes estão mais barulhentos. As pessoas falam mais alto, nas festas não se pode mais conversar, o som está presente em quase todos os momentos. Talvez o silêncio, a quietude nos intimide. As crianças querem falar, não sabem esperar sua vez, não sabem ouvir. Será que só as crianças?
    As estorinhas da Enny nos chamam a dar um passo em direção ao mundo silencioso. Parar para ouvir. Ouvir com atenção e desapego. São excelentes como meios para se obter a concentração, o relaxamento e a atenção das crianças. São pequenas estórias, mas tão cheias de significado e imaginação!
    O livro vem acompanhado do CD, onde ouvimos as estórias narradas pela Enny Parejo. Depois de cada narração o CD traz uma música sugerida: são pequenas composições de Antônio Ribeiro, selecionadas entre as VIII Miniaturas para Piano.
    As ilustrações do livro são da artista plástica Cecília Borelli e as composições para piano foram interpretadas pela pianista Maria Elisa Risarto.


    Enny Parejo é doutora em Educação pela PUC de São Paulo, formada em Piano pela Faculdade Paulista de Arte e especialista em Pedagogia Musical. Entre suas obras está o livro "Musicalizar - Uma Proposta Para Vivência dos Elementos Musicais" e diversos artigos sobre educação musical. Atualmente dirige o ATELIER MUSICAL ENNY PAREJO, em São Paulo. Trabalha como professora de Graduação, Pós Graduação e elabora cursos de formação para professores, além de material didático. Quem quiser conhecer mais um pouco de suas ideias é só visitar o site:
    Termino minha postagem com as palavras da autora:
    “A criança que consegue silenciar para ouvir música conseguirá também silenciar para ouvir os colegas, ouvir o que o professor diz, ouvir os sons que a cercam, e conseguirá colocar-se num estado perceptivo especial. As estorinhas para ouvir podem se tornar amigas das crianças e aliadas do professor na obtenção de um clima tranquilo para iniciar a aula. Este é o maior presente que a educação musical pode oferecer ao processo de educação integral da criança: aprender a ouvir.”

    O MENINO POETA - Canções e Poemas

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    Alguns dias atrás tive a oportunidade de assistir Estêvão Marques e Chico dos Bonecos com a história "O Barro e a Nuvem" (vale a pena conferir!!!). Durante a transmissão, Chico dos Bonecos citou alguns autores que tinham voltado suas obras para as histórias, poesias e músicas infantis. Entre eles Antônio Madureira. Fui pesquisar e descobri um LP que me encantou: O Menino Poeta.



    Que trabalho bonito!
    Antônio Madureira foi autor do projeto, dos arranjos e da regência. Gravado em 1985 pelo Estúdio Eldorado, o LP contem 16 poemas de escritores brasileiros como Manuel Bandeira, Ascenso Ferreira, Carlos Drummond de Andrade, Mário Quintana, Mário de Andrade, Stella Leonardos, Henriqueta Lisboa, Jorge de Lima, Cassiano Ricardo e Vinicius de Moraes.
    Segundo Antônio Madureira:

    ."...vasculhei a obra dos grandes poetas modernos brasileiros em busca de textos que reinventassem o mágico e o lúdico da cultura infantil."


    Segundo o autor, o objetivo do disco era apresentar poemas musicados para crianças e divulgar o trabalho de um conjunto de poetas que se voltaram para a escrita de poemas para leitores em formação.

    "Com a minha vivência com a música elementar e minha experiência de compositor, aventurei-me a musicar alguns destes poemas e criar um comentário sonoro para outros que fossem narrados pela atriz Irene Ravache, em boa hora indicada pelo Estúdio Eldorado. Dai nasceram melodias simples, muitas vezes calcadas nas cantigas do cancioneiro folclórico, tudo dentro da nossa tradição musical.
    Este LP, “O Menino Poeta”, é uma síntese dos anteriores. É uma reflexão sobre o mundo de alegria e poesia que está errante no inconsciente do sombrio homem dos nossos tempos.”
    (Texto extraído da capa do LP, assinado por Antônio Madureira).

    O LP é uma obra prima! Além da beleza das canções e dos poemas, conta com a participação de músicos como Toninho Ferragutti, Heraldo do Monte, Zygmunt Kubala, Antônio Carrasqueira, entre outros.
    Antônio Madureira é natural de Macau, Rio Grande do Norte. Nascido em 1949 é um músico, maestro, compositor e violonista. Pesquisador da música popular nordestina, passou a integrar o Quinteto Armorial, gravando em 1974 o primeiro LP do grupo. 
    O Quinteto Armorial foi organizado, sob orientação de Ariano Suassuna, com o objetivo de criar uma arte brasileira erudita, baseada nas raízes populares da nossa cultura. O trabalho do grupo ficou registrado em 4 CDs.
    Antônio Madureira lançou vários discos como "Romançário" em 1996, "Violão" em 1982, "Bandeira de São João" em 1987, "Baile do Menino Deus (Uma Brincadeira de Natal)" em 1983, entre outros. Também participou como regente, arranjador e diretor de produção dos CDs “Brincadeiras de Roda, Estórias e canções de Ninar”  e "Brincando de Roda", ambos pelo Estúdio Eldorado.
    Segundo Ariano Suassuna:

    "...a música de Antônio Madureira tem, para o Brasil, a mesma importância que a gravura de Gilvan Samico, o romance de Guimarães Rosa e a poesia de João Cabral de Melo Neto."







    As músicas e poesias estão disponíveis para apreciação em:

    https://www.facebook.com/MaestroAntonioMadureira/videos/1689948867714196/


    FOLCLORE: A INFLUÊNCIA PORTUGUESA - MÚSICAS, LENGALENGAS E BRINCADEIRAS.

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    No mês de agosto fiz um trabalho com minha turma do 3º Ano sobre folclore. Como eles estavam desenvolvendo um projeto sobre ervas medicinais e plantando ervas na horta da escola, resolvi começar por canções como Alecrim, Manjerico e Erva-Cidreira. Todas estas canções são de origem portuguesa. 
    Os portugueses foram responsáveis pela formação inicial da nossa população. A língua portuguesa é falada em todo o país.
    No folclore brasileiro um grande número de festas e danças, trazidas pelos portugueses, foram incorporadas como: a Cavalhada, o Fandango, as Festas Juninas e a Farra do Boi. As crianças brasileiras são ninadas com cantigas de origem portuguesa como Bãobalalão, Sai Bicho Papão e Senhora Santana.  
    Canções como Pirulito que já bateu, Machadinha, Viuvinha, Alecrim são de origem portuguesa. Nas lendas temos a Cuca, o Lobisomem, a Cabra Cabriola e o Bicho Papão. Nas danças encontramos a Cana Verde, a Ciranda e o Pezinho.
    Muitos jogos que brincamos também chegaram ao Brasil por meio dos portugueses: o jogo de saquinhos, a amarelinha, a bolinha de gude, o jogo de botão, o pião e a pipa.
    A canção Erva-Cidreira foi gravada por Estêvão Marques no CD-Livro 'Brasil for Children", uma preciosidade que todos deveriam conhecer!

    ERVA-CIDREIRA

    Ó erva-cidreira, que estás na varanda,
    Quanto mais te rego, mais pendes pra banda.
    Mais pendes pra banda, mais a rosa cheira,
    Que estás na varanda, ó erva-cidreira.

    Ó erva-cidreira, que estás no telhado,
    Quanto mais te rego, mais pendes pro lado.
    Mais pendes pro lado, mais a rosa cheira,
    Que estás no telhado, ó erva-cidreira.

    Ó erva-cidreira, que estás no jardim,
    Quanto mais te rego, mais pendes pra mim.
    Mais pendes pra mim, mais a rosa cheira,
    Que estás na varanda, ó erva-cidreira.

    Uma música que agradou muito as crianças foi "Uma Casa Portuguesa", composição de Artur Fonseca com letra de Reinaldo Ferreira e Vasco Matos Sequeira, imortalizada na voz de Amália Rodrigues.

    Aproveitei para trabalhar também com as Lengalengas. Lengalengas são textos bem curtos, com rima ou não, onde se repetem palavras ou expressões e são fáceis de decorar. Podem estar ligadas à brincadeiras e jogos infantis e são transmitidas de geração em geração, algumas são cantadas a centenas de anos.
    Aqui no Brasil chamamos as Lengalengas de Parlendas. Estas duas foram retiradas de um livro, disponível na internet: "Velhas Lengalengas e Rimas do Arco-da-Velha".
    https://www.luso-livros.net/wp-content/uploads/2013/05/Lengalengas-e-Rimas-do-Arco-da-Velha.pdf



    Tem muito material bonito e interessante. Destaco estas duas:

    AS TRÊS RATINHAS 

    Três ratinhas 
    Nos sofás
    A beberem
    O seu chá.

    A primeira ratinha
    Uma chávena bebeu.
    - Já está!


    A segunda ratinha
    Duas chávenas bebeu.
    - Que bom está o chá!


    A terceira ratinha
    Bebeu e gostou
    Gostou e bebeu
    Bebeu e gostou
    Gostou e bebeu
    E de tanto gostar
    Acabou por rebentar.

    SOLA, SAPATO

    Sola, sapato,
    Rei, Rainha
    Foi ao mar
    Pescar sardinha
    Para o filho
    Do juiz
    Que está preso
    Pelo nariz.

    Salta a pulga
    Na balança,
    Dá um pulo
    Até a França,
    Os cavalos a correr,
    As meninas a aprender,
    Qual será a mais bonita
    Que se vai esconder?


    Esta outra lengalenga está no livro: 




    Adaptei um arranjo para flauta doce ou canto, pequena percussão e percussão corporal.
    A letra é: 

    "Réu, réu, vai ao céu
    Buscar o meu chapéu.
    Se for novo trá-lo cá,
    Se for velho deixa-o lá."









    O BRASIL DE TUHU

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    Um dos melhores materiais que conheci neste primeiro semestre (que já se passou) foi o CD Brasil de Tuhu.



    Foi lá que conheci a música “Você diz que sabe tudo”. Que gracinha! As crianças, tanto da Educação Infantil quanto do Ensino Fundamental 1, se apaixonaram pela letra e melodia.

    Você diz que sabe tudo
    Mas não sabe namorar
    Quero que você me diga, oh! lêlê!
    Quantos peixes tem o mar.
    Quantos peixes tem o mar!
    Eu não posso te dizer
    Que o mar é muito grande, oh! lêlê!
    Tenho medo de morrer.

    Na verdade, estava lendo um livro sobre Educação Infantil e, quase no final, ele citava alguns aplicativos de música para crianças. Através do aplicativo Tuhu Musical cheguei até a página do projeto e me deliciei com todo material disponibilizado, como sempre me encantando com tanta coisa boa, ali, disponível, gratuitamente e de altíssimo nível!

    O que é o Brasil de Tuhu? É um programa voltado à promoção da Educação Musical no Brasil realizado pela Baluarte Cultura e pela violinista Carla Rincón. O programa recebeu este nome para fazer uma homenagem ao maestro Villa-Lobos, cujo apelido de infância era Tuhu (Tuhuuuuuu é o barulho dos trens de ferro, seu apito e seu fascínio, principalmente para as crianças).

    Através do site http://brasildetuhu.com.br/ é possível conhecer o programa e visitar suas ações a favor da Educação Musical. Dirigido pela violinista Carla Rincón, a equipe desta plataforma se dedica a desenvolver materiais de apoio para professores e educadores.



    Existe um programa de Concertos Didáticos que leva música para os alunos de escolas públicas do Brasil, trabalho que vem sendo realizado desde 2009. As escolas que participam do projeto recebem uma formação: a Vivência Musical para os educadores, com oficinas que possibilitam troca de experiências e formação.

    O projeto já fez, em parceria com a consultoria JLeiva, o mapeamento de iniciativas brasileiras que tem como objetivo a ampliação da Educação Musical e é possível consultar os resultados deste trabalho no site.

    Lá também temos a Biblioteca... Muito legal! Você vai conhecer o aplicativo Tuhu Musical, que traz jogos educativos e pode ser baixado no seu celular ou tablet. Tem também o CD “Brasil de Tuhu”, muito lindo, recheado de cantigas do Guia Prático de Heitor Villa-Lobos, gravado pelo Quarteto Radamés Gnatalli, com arranjos maravilhosos e músicos convidados como Mauro Senise, Zeca Pagodinho e Elba Ramalho.

    Continuando... Você pode conhecer a Rádio Tuhu, que traz podcasts temáticos, a Revista Tuhu, com artigos sobre Educação Musical e o Gibi “O Brasil de Tuhu” com história e atividades musicais.

    Um material riquíssimo são os Guias Didáticos. Você pode baixar gratuitamente. São dois volumes que trazem jogos, brincadeiras, sugestões, materiais, sequências didáticas que com certeza irão enriquecer sua prática junto aos seus alunos.



    Ainda são disponibilizadas Vídeo Aulas de instrumentos variados e de musicalização também.

    Convido a todos a visitarem este site! Me encanta conhecer projetos tão lindos e cercados de qualidade e generosidade. Parabéns a toda equipe!

    NO ENCANTO DOS PASSARINHOS

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    Em 2019, no dia do meu aniversário, ganhei de presente de uma amiga muito querida o livro “No Encanto dos Passarinhos”.

    Este livro era muito especial... Primeiro porque foi escrito por Ilza Zenker Leme Joly, educadora musical e minha professora do curso de Licenciatura em Música da Universidade Federal de São Carlos, sendo uma das fundadoras do curso. Segundo, porque foi ilustrado por Solange Lopes, artista plástica e amiga da minha amiga...

    O livro é recheado de canções e pinturas maravilhosas. Com cuidado, Ilza recolheu algumas cantigas da cultura popular brasileira, que falavam de pássaros e, envolvendo amigos e familiares, criou este material.  As canções são apresentadas com suas partituras, a ilustração do pássaro, um pequeno parágrafo sobre os hábitos deste pássaro, além de sugestões sobre como utilizar a canção para fazer uma atividade em sala de aula, ou com seus filhos, cantando, dançando ou tocando.



    Com certeza este livro nasceu de sua experiência como professora. Ilza trabalha com musicalização infantil há muitos anos. Assim, cada canção pode se transformar em uma verdadeira aula, onde a criança irá cantar, movimentar-se, realizar gestos, perceber ritmos, ouvir histórias, dançar, batucar e conhecer mais sobre os pássaros. Traz também a oportunidade para que possamos prestar mais atenção aos passarinhos, despertando o desejo de cuidar da natureza e preservar os habitats desses animais.

    Os arranjos das músicas foram feitos por Lucas Joly e Vinicius Sampaio. Segundo eles os estilos musicais foram surgindo através da pesquisa dos passarinhos, sua forma de cantar, voar e viver.

    Tem maxixe, samba, rock, guarânia, cantiga de ninar, reggae e até heavy metal.

    Os músicos buscaram apresentar as canções com grande riqueza instrumental, modificando os instrumentos solistas em cada uma delas, tornando o CD, além de agradável de ouvir, muito interessante e didático, apresentando aos ouvintes um universo sonoro rico e diversificado.

    Até a própria Ilza participou da gravação do CD, tocando flauta doce e sanfona.

    Segundo Solange Lopes, amiga de Ilza e ilustradora, o período de construção do livro foi de convivência rica e afetuosa. Ela buscou conhecer bem cada pássaro, cada música, para a partir daí fazer suas pinturas.

    O resultado disto é um trabalho que vale a pena ser conhecido!

    “Este livro é um presente para as crianças e adultos, para os pais, avós, educadores e educadoras e, enfim, para todas as pessoas que seguem se encantando com a beleza e o encantamento dos pássaros, das canções, da música, do conviver...”(Teca Alencar de Brito)

    BARULHO, BARULHINHO, BARULHÃO

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     No ano passado, assisti um programa no canal Arte 1, "O Tempo e a Música: depois do fim da canção" com apresentação do músico José Miguel Wisnik e do violonista e diretor artístico da Osesp Arthur Nestrovski. 

    Foi aí que conheci melhor Arthur Nestrovski, pude vê-lo e ouvi-lo tocando. Eu já tinha lido seu livro "Outras Notas Musicais" e também tinha comprado o livro "Barulho, Barulhinho, Barulhão" para usar nas minhas aulas de música, mas confesso que naquele dia eu senti um pouco de inveja dele e de todo o conhecimento que ele demonstrou, da sua arte e do seu trabalho. Me lembro que ele comentou sobre como conseguia manter uma disciplina diária para estudar violão, mesmo com tantos afazeres, viagens e atividades diversas. E pensava comigo: preciso me inspirar um pouco nele e fazer mais, eu posso fazer mais, posso estudar mais.... A partir daquele dia eu voltei a tocar meu piano e a estudar algumas peças novas.


    Arthur Nestrovski nasceu em Porto Alegre, em 1959, doutor em Literatura e Música pela Universidade de Iowa (EUA), é um compositor, violonista, crítico literário e musical, escritor e editor. Desde 2010 é diretor artístico da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo, sendo nomeado, em 2012, diretor artístico do Festival de Campos do Jordão.

    Autor de vários livros, incluindo literatura infantil, mantém atividade musical como violonista e compositor. Gravou os CDs solo "Jobim Violão" e "Chico Violão", DVDs, em 2016 o CD "Pós Você e Eu" com sua filha Lívia Nestrovski e em 2020 "Sarabanda" . Também faz apresentações no Brasil e no exterior com artistas como Zé Miguel Wisnik, Zélia Duncan, Adriana Calcanhoto e Paula Morelenbaum.

    Entre seus livros voltados para o público infantil estão "Bichos que Existem e Bichos que não Existem" que recebeu o Prêmio Jabuti de Livro do Ano de Ficção, em 2003. Tem "Histórias de Avô e Avó", "O Livro da Música", "Cores das Cores", "Pelo Nariz", entre outros. E tem "Barulho, Barulhinho, Barulhão" que eu adoro!



    Com ilustrações do artista Marcelo Cipis, que faz com que as imagens traduzam visualmente os sons evocados no texto, este livro é muito legal para despertar a curiosidade das crianças para a quantidade de sons que nos rodeiam. 



    Semana passada, em uma aula de música para um grupo de crianças do 2º ano do EF1, pedi que elas dessem uma volta por suas casas (era uma aula online) e registrassem os sons que ouvissem durante o percurso. Uma delas voltou e disse: "eu não ouvi nada, só meus pais conversando". "Mas a conversa já é um som que você ouviu" - retruquei. Percebi que as respostas foram poucas, limitadas a sons como conversa, TV, passarinho e cachorro. 

    Neste livro a criança vai ter oportunidade de reconhecer sons tão comuns, que não dá atenção: o barulhinho do mosquito, da latinha de refrigerante ao ser aberta, os sons que vem de seu corpo, os sons da cidade, do trânsito, da natureza... São barulhinhos, barulhos ou barulhões?

    E no silêncio tem som? "O silêncio também faz barulho".

    E que tal, para enriquecer a atividade de leitura do livro, terminar a aula com a música "Barulhinho, Barulhão" do Tiquequê? 



    Até mais!






    BERENICE DE ALMEIDA - MÚSICA PARA CRIANÇAS

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    Hoje quero falar de um livro muito especial, que vem sendo fonte de pesquisa e inspiração para minhas aulas de música este ano: "Música para Crianças - Possibilidades para a Educação Infantil e o Ensino Fundamental" de Berenice de Almeida.

    Este livro faz parte da coleção "Como eu ensino" da editora Melhoramentos. 

    Segundo a autora, este livro nasceu ainda na década de 90, originalmente escrito em capítulos, que eram enviados por fax para assinantes, com o intuito de sugerir propostas, mostrar um caminho para professores de música ou não, de como fazer música com crianças.


    O livro foi escrito especialmente para professores,  oferecendo ferramentas didáticas a partir da experiência da autora, para um ensino de música envolvente e significativo. Muito prático, o livro é dividido em três módulos: ouvir, cantar e tocar. 

    O primeiro módulo tem como objetivo estimular a percepção auditiva: ouvir os sons que nos cercam, perceber seus parâmetros, descobrir as fontes sonoras, identificar, comparar os sons e ampliar o repertório sonoro da criança.

    O segundo módulo é sobre o canto. Traz um repertório de canções infantis, da música popular brasileira, assim como valoriza a diversidade com canções africanas e indígenas. A autora lembra que é preciso cantar muito, desde a Educação Infantil, resgatando o hábito de cantar nas crianças. Além disso, recorda que utilizar a voz, nosso primeiro instrumento musical, é uma forma de expressão e um meio eficaz de desenvolvimento da musicalidade e do espírito de coletividade. 

    Por fim, o módulo 3 traz atividades de tocar, de fazer música tocando instrumentos musicais convencionais ou não, explorando objetos sonoros e também o próprio corpo. 

    Berenice destaca que o conteúdo do livro não é uma receita pronta a ser seguida. Segundo ela o professor tem que sempre estudar muito. A experiência e a vivência do professor é muito importante, pois traz mobilidade, capacidade de improvisar, de criar e de ouvir as crianças. 

    As atividades propostas no livro são muito boas, mas é preciso que todo professor busque um planejamento não engessado, que olhe para o aluno, para a turma, que possa ser flexível e adaptável ao grupo, ao momento e às expectativas do aprendiz. Berenice destaca a necessidade de um aprendizado a partir da brincadeira, onde os elementos da música serão vivenciados com o corpo, integrando o ouvir, o cantar e o tocar.

    Ao planejar sua aula, o professor deve pensar em elementos disparadores: uma história, uma canção, um instrumento, um ritmo, uma brincadeira. 

    Um exemplo disso é a canção Bolinha de Sabão do grupo Palavra Cantada. Segundo Berenice, a partir dessa canção é possível organizar uma sequência de atividades como: cantar a música; explorar sons que podemos fazer com a boca; ouvir a música "Que Som?" do grupo Barbatuques; criar sons com o corpo; brincar de fazer bolinhas de sabão; contemplar as bolinhas e desenhá-las; trabalhar com a duração - o tempo que existe até que a bolinha estoure; improvisar com sons suaves; buscar instrumentos ou objetos para produzir estes sons.

    Em uma entrevista, Berenice fala  do trabalho que desenvolveu durante 26 anos na Escola Municipal de Iniciação Artística (EMIA) da Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo, onde dava aulas de iniciação musical e iniciação ao piano para crianças, num contexto bastante integrado com outras áreas artísticas, e como esta experiência foi importante para seu jeito de pensar e planejar atividades musicais para crianças.

    Esta maneira de planejar as atividades é muito enriquecedora e remete a proposta HADOBI do educador Estêvão Marques, que usa os elementos - história, artes plásticas, dança, objeto, brincadeira e instrumento musical - que possibilitam a multiplicação do repertório do professor.




    Pesquisando um pouco mais sobre Berenice de Almeida pude descobrir que já conhecia outros livros dela, todos muito importantes para os educadores musicais e professores que gostam de usar a música em sala de aula: "O Livro de Brincadeiras Musicais da Palavra Cantada" em parceria com Gabriel Levy; "Outras Terras, Outros Sons", "A Floresta Canta: uma expedição sonora por terras indígenas no Brasil" e "A Grande Pedra" em parceria com Magda Pucci, entre outros.

    Berenice de Almeida é educadora musical e pianista, mestre em Processos de Criação Musical pela Universidade de São Paulo. Participou da elaboração do Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil na área de Música (MEC. 2000). Atua como supervisora pedagógica do Projeto Brincadeiras Musicais da Palavra Cantada, ministras palestras, oficinas e cursos de cultura indígena e de formação musical para professores em diversas instituições.

    Quem quiser conhecer a obra "Cantos da Floresta - Iniciação ao Universo Musical Indígenas" de Berenice de Almeida e Magda Pucci é só acessar o site: Cantos da Floresta - Iniciação ao Universo Musical Indígena. Lá é possível acessar atividades de contextualização, jogos, brincadeiras, músicas e dinâmicas envolvendo as músicas dos povos indígenas brasileiros.

    Aproveitem! 


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